A Depressão Perinatal, anteriormente chamada de Depressão Pós-Parto, é um transtorno depressivo que acomete mulheres na gestação e até um ano após o parto (Rosenberg, 2007). E embora o Transtorno Depressivo Maior (TDM) possa acontecer em homens e mulheres de qualquer idade, a Depressão Perinatal tem a característica de ocorrer em um período da vida onde são esperados sentimentos de alegria, felicidade e realização e não o humor deprimido, que pode ser uma das principais características dos transtornos depressivos.
A Maternidade é cercada de tabus, e quando o assunto é a Depressão Perinatal, as Mães chegam a ouvir absurdos como: “se o seu bebê está com saúde é isso que importa”, “mas por que depressão com uma criança saudável no colo”?. Como se a Saúde Mental de uma Mãe dependesse unicamente da saúde de seu bebê.
A falta de conhecimento demonstrada pela sociedade ao emitir frases como as citadas anteriormente, reforça a importância de conscientizar a população para a causa da Saúde Mental Materna, e isso envolve também, divulgar os fatores de risco para a Depressão Perinatal, para que assim, possa ser entendido com mais clareza que uma Mãe com bebê saudável, pode deprimir.
Alguns dos fatores de risco são:- já ter passado por algum episódio depressivo antes da gestação;- presença de estresse e/ou ansiedade gestacionais;
- baixa percepção de auto eficácia no papel parental;
- insatisfação com a gravidez;
- pensamentos negativos na gestação e isolamento social;
- conflitos conjugais;
- exposição a violência por parceiro íntimo;
- conflito familiar.
Além dos fatores de risco, é importante ressaltar que cuidar das mães desde a gestação pode protegê-las do adoecimento psíquico nesta fase da vida. Desta forma, citamos aqui os principais fatores de proteção para minimizar o risco de Depressão Perinatal:
- participação no pré-natal psicológico;
- relação saudável com a própria mãe;
- participação em aulas de parto na gestação;
- percepção de apoio social na gravidez;
- relações sociais positivas.
Os fatores de risco e de proteção para a Depressão Perinatal mostram a importância de cuidar de quem cuida desde a gestação, afinal, o próprio manual diagnóstico de transtornos mentais, o DSM-5-TR, informa que metade das mulheres já estavam deprimidas antes do parto e por isso ocorreu a mudança na nomenclatura, de Depressão Pós-Parto para Periparto ou Perinatal.
O apoio social, que envolve a família, os amigos, e os colegas de trabalho são fundamentais para prevenirmos que o adoecimento materno ocorra. E quando a depressão acontece se torna ainda mais necessário, juntamente com tratamento psicológico e psiquiátrico adequado. E nós, enquanto sociedade, temos o dever e a missão de não permitir que as Maternidades ocorram sozinhas.
Fonte dos fatores de risco e proteção citados no texto: A.R. Arrais & T.C.C. F. de Araujo (2017). Depressão pós-parto: uma revisão sobre fatores de risco e de proteção. Psicologia, Saúde e Doenças, 18(3), 828-845. doi: http://dx.doi.org/10.15309/17psd180316
Comentários