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A Paternidade Solo: Desafios e Coragem

Afonso Guedes

Nesse post, abordaremos um tema complexo: a paternidade solo, um desafio ainda maior para os homens. Cuidar dos filhos sem o suporte de um(a) parceiro(a) exige habilidade, paciência e dedicação, mas muitas vezes essa realidade é ignorada pela sociedade.


Esses homens, muitas vezes, se tornam pais solos por diversos motivos, seja por circunstâncias do destino ou por escolha própria. E independentemente do motivo, carregam silenciosamente o peso de criar os filhos sozinhos, enfrentando ainda as dificuldades de serem pais presentes em uma sociedade marcada pelo machismo do patriarcado.


"Mas Afonso, dificuldades de ser um pai presente?"


Sim, totalmente! Permita-me explicar o porquê:


Os homens não são ensinados a serem pais no sentido de cuidadores dos seus filhos, essa é uma realidade e uma desigualdade de gênero que começa desde a infância. Enquanto as meninas ganham bonecas para simular os cuidados com bebês, além de brinquedos que as incentivam a treinar tarefas domésticas, os meninos recebem bolas de futebol e carrinhos.


Não é à toa que 89% dos acidentes de carro que ocorrem anualmente no Brasil são causados por homens, que em sua maioria excedem os limites de velocidade.


Na fase adulta, os homens enfrentam inúmeros preconceitos, em grande parte provenientes da mesma cultura machista que afeta constantemente as mulheres, porém, muitas vezes esses preconceitos são disfarçados como algo natural.


Quando nossos filhos adoecem, por exemplo, e precisamos nos ausentar do trabalho para cuidar deles, sabe o que o gerente geralmente diz quando pedimos um dia de "folga"?


"Mas e a mãe da criança?"


Quando buscamos nossos filhos na escola, o que a professora diz?


"Deixei um bilhete para a MÃE no caderno."


E nas reuniões escolares, quem é sempre o responsável mencionado?


A mãe!


É evidente que parte dessa culpa recai sobre os próprios homens, que muitas vezes não são responsáveis nem presentes em suas obrigações paternas. No entanto, o sistema atual só contribui para agravar essa situação, tornando imprescindível um esforço coletivo para promover mudanças.


Quando falamos em paternidade solo, conciliar trabalho, casa e filhos é como fazer malabarismos com fogos de artifício, quase impossível! O sistema não oferece nenhum apoio para essa realidade paterna. Por isso, aqueles que se aventuram nessa missão demonstram uma coragem sem igual.


Para melhorarmos esse cenário, precisamos criar formas de conscientizar a sociedade para diminuirmos cada vez o preconceito sobre os cuidados e responsabilidades que o homem há de ter com seus filhos.


Aumentar a conscientização da sociedade machista para que os pais sejam mais participativos na vida dos filhos é um passo importante para promover a igualdade de gênero e o desenvolvimento saudável das crianças. Aqui estão cinco maneiras de alcançar esse objetivo:

  1. Campanhas de sensibilização e educação: Promover campanhas e iniciativas que abordem a importância da participação ativa dos pais na criação dos filhos. Essas campanhas podem destacar os benefícios para o desenvolvimento emocional, cognitivo e social das crianças quando têm a presença de um pai engajado em suas vidas.

  2. Desconstrução dos estereótipos de gênero: É essencial questionar e desconstruir os estereótipos de gênero enraizados na sociedade. Isso inclui a promoção de brinquedos, atividades e responsabilidades que não estejam vinculados a papéis de gênero específicos, encorajando os pais a se envolverem em todas as dimensões da vida de seus filhos.

  3. Incentivo à licença-paternidade e flexibilidade no trabalho: Políticas governamentais e corporativas que promovam a licença-paternidade remunerada e a flexibilidade no trabalho possibilitam aos pais dedicarem mais tempo aos filhos. Essas medidas ajudam a equilibrar a responsabilidade parental entre homens e mulheres.

  4. Programas de apoio à paternidade: Criar programas e grupos de apoio exclusivos para pais pode ser uma forma eficaz de compartilhar experiências e desafios, incentivando a participação ativa na vida dos filhos. Esses espaços permitem a troca de ideias e oferecem suporte emocional para pais que desejam se envolver mais ativamente na paternidade.

  5. Educação nas escolas e instituições: Incluir conteúdos sobre igualdade de gênero, divisão equitativa de tarefas domésticas e parentalidade responsável nos currículos escolares pode ajudar a moldar a mentalidade das futuras gerações. Além disso, é fundamental que as instituições também sejam exemplos de igualdade em suas próprias práticas e políticas.

Essas ações combinadas podem contribuir significativamente para aumentar a conscientização e encorajar os pais a serem mais participativos na vida de seus filhos, rompendo com o modelo machista tradicional e construindo uma sociedade mais igualitária e saudável para pais solos, mães solos, famílias atípicas e todas as formas de composição familiar.


Afonso Guedes @NaoPariMasToAqui


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